sexta-feira, 9 de agosto de 2013

China treina cães para detectar tráfico de espécies selvagens

 Projeto tenta travar o crescente movimento ilegal de marfim, cornos de rinocerontes, partes de tigres e até de animais vivos.

 Cães farejadores de drogas é o que não falta em aeroportos internacionais. Mas cães que farejam outros animais escondidos em malas, nisto provavelmente a China está a ser pioneira.

  São três labradores, treinados especificamente para ajudar no combate ao tráfico ilegal de espécies selvagens. No final de Julho, passaram com sucesso pelo seu exame final, detectando peças de marfim, ossos de tigres, cornos de rinocerontes e até tartarugas vivas nas esteiras de bagagens de um aeroporto, num contentor e numa centro dos correios.

  É o resultado de uma parceria das autoridades chinesas e da organização não-governamental Traffic, com o apoio da WWF.

  O país-alvo não foi escolhido por acaso. A China é um destino privilegiado do tráfico ilegal de espécies selvagens, recebendo animais ou partes de animais sobretudo do Sul e Sudeste asiático. Segundo a Traffic, entre 2000 e 2012, as autoridades chinesas fizeram apreensões de ossos, patas, carcaças, peles e exemplares vivos de tigres equivalentes a 156 animais.

  O marfim entra no país seja em grandes carregamentos em contenders, seja trazido nas malas de turistas, no seu regresso ao país. “A China está a fazer mais apreensões de marfim do que qualquer outro país do mundo neste momento”, disse ao jornal PÚBLICO Richard Thomas, porta-voz da Traffic. “São quase duas por dia, sem contar com as centenas de chineses que são identificados noutros países com marfim ilegal”.

  Em muitas apreensões, há vários itens proibidos juntos. Na quarta-feira, as autoridades de Hong Kong confiscaram um lote de 1120 presas de elefante, 13 cornos de rinoceronte e cinco peles de leopardo, avaliados em cerca de quatro milhões de euros.

  “A utilização de cães farejadores é uma nova abordagem para detectar o contrabando de espécies selvagens e irá aumentar a eficácia na linha de frente do nosso trabalho”, afirma o chefe do programa agora lançado pelo Departamento Anti-Contrabando dos serviços alfandegários chineses, Jun Tan, citado num comunicado da Traffic.

  O programa está a atrair o interesse de países próximos, como o Butão, Índia, Laos, Nepal, Vietnam e Rússia. Em meados de Junho, as autoridades chinesas encontraram 213 patas de urso numa carrinha proveniente da Rússia.

  A Traffic está a cooperar com a China desde 2011 neste projeto. 

  Os três labradores, mais os seus treinadores, serão os primeiros a serem posicionados em postos de fronteira, na província de Yunnan - que é uma das principais portas de entrada do contrabando de espécies selvagens.

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